Tivi São Lourenço, 30 de outubro de 2024
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Aluno autista é agredido com golpe 'mata-leão' e banho de água fria por colega em escola de BH: 'lesão corporal e tortura', diz mãe

Boletim de ocorrência da PM sugere que escola foi negligente em caso de agressões reiteradas contra menino com transtorno do espectro autista.

Por g1

Atualizado em 04/11/2022 | 10:30:00

Um estudante foi agredido por outro aluno da mesma sala na Escola Santo Tomás de Aquino, no bairro São Bento, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A mãe da vítima denuncia a postura negligente da escola e afirmou não ter sido recebida pelos funcionários quando buscou esclarecimentos sobre o ocorrido. O caso foi divulgado nesta quinta-feira (3).

De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima, de 13 anos, foi surpreendida pelas costas por outro estudante e jogada ao chão com um golpe conhecido como “mata-leão”. O agressor foi advertido mais de uma vez por uma professora de matemática. Só então liberou a vítima.

O menino tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo a mãe, ele está na escola sem acompanhamento de um professor de apoio. Ela contou que a lei exige esse profissional. Para ela, essa ausência pode contribuir para os constantes casos de violência aos quais o filho é submetido, sempre pelo mesmo agressor.

Segundo o documento policial, o menino preferiu dormir durante a aula para evitar que a mãe fosse acionada na escola. Porém, durante o intervalo, o agressor jogou água fria para acordá-lo. A atitude foi suficiente para despertar uma crise de pânico na vítima.

O relato da mãe é emocionante. Em meio às lágrimas, ela contou que soube do ocorrido após ser informada pela escola de que o filho estava na enfermaria. Encontrou o menino com um hematoma no rosto. Ele não conseguia falar.

O estudante foi levado para a terapeuta, com quem faz acompanhamento. Durante a consulta, conseguiu relatar todo o acontecido. A mãe dele voltou à unidade escolar com um relatório da profissional. O documento aponta a necessidade do cumprimento da lei que determina um professor de apoio para o aluno com TEA.

A mãe do adolescente contou que, em uma reunião na escola, percebeu algumas funcionárias consternadas com o ocorrido. Porém, o diretor, na opinião dela, estava frio.

“Em nenhum momento, estava preocupado com o meu sofrimento e do meu filho, mas em defender a escola e o agressor”, contou.

Ela contou que o aluno que atacou o filho dela foi suspenso por dois dias. Na próxima segunda-feira (7), ele volta a frequentar a escola em uma turma diferente da vítima.

“A psiquiatra do meu filho foi bem clara quanto à necessidade imediata de expulsão [do agressor]. Enquanto ele estiver presente no âmbito escolar, o filho dela não tem condições emocionais de frequentar a escola. Ele não pode voltar presencialmente enquanto o agressor estiver presente em toda a escola, pelo medo e pânico de encontrá-lo em todos os ambientes”, afirmou.

Os pais da vítima se reuniram com os profissionais da escola na presença de duas advogadas e da psiquiatra que atende o menino.

“A terapeuta informou que ele estava com estresse pós-traumático, ansiedade generalizada e que não tem condições de frequentar a escola na presença do agressor”, contou.

Segundo a mãe do estudante, não é a primeira vez que o agressor atinge o filho dela. Ele tem má reputação entre os colegas e funcionários da escola, conhecido pelo comportamento irregular e violento.

“Deixei claro para a direção que, além do crime de lesão corporal, houve o crime de tortura, quando é virada uma grande quantidade de água na cabeça dele. Meu filho é gente e merece ser respeitado”, afirmou.

A reportagem entrou em contato com a Escola Santo Tomás de Aquino às 0h23 desta sexta-feira (4) e aguarda retorno com o posicionamento da instituição.

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