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BC eleva taxa de juros a 11,75%, maior valor em cinco anos

Banco Central entende que aumento da Selic cria um efeito em cadeia que culmina na queda dos preços no país

Por Diário Catarinense

Atualizado em 17/03/2022 | 07:28:00

O Banco Central (BC) confirmou nesta quarta-feira (16) novo aumento da taxa básica de juros no país, a Selic, agora a 11,75% ao ano. É o maior valor desde abril de 2017.

Foi a nona alta seguida adotada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), submetido ao BC, desta vez de 1 ponto percentual. A Selic estava em 10,75%.

O valor reajustado foi ao encontro do que previa a maior parte do mercado financeiro, conforme indicava o mais recente boletim Focus, elaborado pelo próprio BC junto a mais de 100 instituições.

Além disso, confirmou a sinalização dada pelo Copom após seu último encontro de que reduziria o ritmo de subida —antes, foram três altas seguidas de 1,5 ponto percentual.

A medida do BC visa conter a inflação oficial no país, que é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e acumula alta de 10,54% nos últimos 12 meses.

Em fevereiro, o IPCA registrou aumento de 1,01%, o maior valor para o mês desde 2015, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta (11).

A alta dos preços de produtos e serviços no país é pressionada pelo aumento nos combustíveis e pelo conflito da Rússia com a Ucrânia, que deixou mais caros os barris de petróleo e as commodities agrícolas no mundo em meio às sanções entre os países.

O BC entende que o aumento da Selic, que serve de referência para outras taxas de juros no país, cria um efeito em cadeia que culmina na queda da inflação.

Isso porque o consumo e a tomada de crédito, entre outras atividades econômicas, são desestimulados com os juros mais altos, que privilegiam a poupança. Com a queda na demanda, espera-se que os preços caiam para voltarem a ser atrativos.

Para este ano, a meta de inflação perseguida pelo BC é de 3,50% —o teto esperado é de 5%. A própria entidade monetária assumiu, no entanto, em ata divulgada após a última reunião do Copom, que o IPCA deverá somar 5,4% ao final de 2022.

No ano passado, a inflação do país já havia estourado o valor de referência apontado pelo BC, de 3,75% na ocasião, com tolerância de 1,5 ponto percentual, ao acumular 10,06%.

A expectativa do mercado financeiro até aqui também é de que a inflação fuja mais uma vez à margem proposta pelo BC. Contudo, o boletim Focus da última segunda (14) apontou projeção mais pessimista para o IPCA neste ano, de 6,45%.

A estimativa do mercado ainda colocava a taxa básica de juros em 12,75% ao final de 2022, o que seria o maior valor desde fevereiro de 2017.

A Selic também define a rentabilidade dos títulos públicos que o Tesouro Nacional emite para ajudar a custear os investimentos do governo federal. O aumento dela torna esse tipo de aplicação mais interessante para investidores.

A definição sobre a taxa básica dos juros no país ocorre a cada 45 dias. O Copom discute perspectivas da economia em um primeiro momento e, no dia seguinte, anuncia a Selic estabelecida pelos diretores do BC que constituem o comitê.

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