Segundo a investigação, Marcelo Evandro dos Santos causou deformidades permanentes à vítima; polícia já tomou conhecimento de novas vítimas
Um cirurgião plástico, com atuação em Florianópolis, foi indiciado por causar lesões gravíssimas e permanentes em pacientes da capital catarinense. Segundo a investigação, Marcelo Evandro dos Santos cometeu erros que causaram deformidades permanentes, em uma paciente da Capital catarinense.
Conforme o inquérito policial, remetido ao Ministério Público de Santa Catarina na segunda-feira (14), o médico foi indiciado por “lesão corporal de natureza gravíssima”, por mutilar e deformar paciente de maneira irreversível.
Segundo o delegado-geral de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, à frente do caso, também há possibilidade de um agravante, causado por “perda de membro, sentido ou função”, que a vítima pode ter sofrido nas mamas. A polícia não solicitou prisão preventiva contra o investigado.
O indiciamento de Marcelo Evandro dos Santos é baseado na denúncia feita pela neuropsicopedagoga, Letícia Mello, que passou por uma cirurgia com o médico no início de 2024, mas novas denúncias podem surgir a partir da veiculação do caso. “Nós já temos ciência de novas vítimas, mas elas ainda não registraram ocorrências”, afirmou Ulisses à reportagem.
Cirurgião plástico realizou procedimentos além dos solicitados
Em entrevista ao Domingo Espetacular, da Record, a neuropsicopedagoga, Letícia Mello, contou que procurou o profissional para realizar a troca de uma prótese de silicone e receber mais informações sobre uma “lipo lad” (procedimento para sucção de gordura em determinadas partes do corpo com mais precisão). O profissional ofereceu outros procedimentos à paciente.
“Ele disse que se eu tirasse as gordurinhas das costas, poderia preencher essa depressão lateral e deixar o meu glúteo mais redondo”, contou. “E essa gordurinha aqui do braço, dá pra tirar? Ele disse que dá pra tirar. Quando eu deitei na maca, a assistente perguntou: vai ter papada? Ele disse: vai ter papada”. O procedimento não foi acertado previamente.
Letícia ficou 10 horas na mesa de cirurgia e passou por 12 intervenções. Os procedimentos resultaram na perdas dos seios e mamilos, passou 20 dias com ferida abertas e, hoje, tem cicatrizes em diferentes partes do corpo. Letícia pesava 66 quilos e, durante a cirurgia, foram retirados 7 quilos — mais de 10% do peso da paciente e que extrapola o permitido pelo Conselho Federal de Medicina.
Conselho de Medicina abre sindicância contra cirurgião plástico acusado de mutilar e deformar paciente
A reportagem entrou em contato com o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina, que informou, por meio de nota, que foi instaurada uma sindicância para investigar a atuação do profissional, após a veiculação do caso pela reportagem e também de seu indiciamento.
O procedimento ocorre em sigilo, conforme estabelece a resolução 2.306/2022, do Conselho Federal de Medicina. Deste modo, “não será possível este Conselho fazer manifestações públicas sobre processos em tramitação envolvendo médicos”, finaliza a nota. Mesmo após a investigação por mutilar e deformar paciente, o CRM informou que o registro de atuação profissional de Marcelo continua ativo.
A reportagem tentou contato com cirurgião plástico, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.
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