Tivi São Lourenço, 14 de março de 2025
Gerais

Crânio humano encontrado há 6 anos em Chapecó é identificado e Polícia Civil reabre investigação

Caso pode estar relacionado a um duplo homicídio envolvendo duas amigas desaparecidas no município em 2018.

Por Oeste Mais

Atualizado em 13/03/2025 | 15:17:00

Seis anos após a descoberta de um crânio humano encontrado em Chapecó, no Oeste catarinense, a vítima foi identificada. Com a confirmação da identidade, a Polícia Civil reabriu a investigação para apurar as causas da morte.

De acordo com a Polícia Civil, a identificação foi feita por meio do Programa PCI Conecta e se trata de Jaqueline Dall’Acqua Rodrigues, de 23 anos. O caso pode estar relacionado a um duplo homicídio envolvendo duas amigas desaparecidas em Chapecó, em 2018.

Jaqueline foi identificada apenas agora, em 2025, por meio de procedimentos periciais da Polícia Civil. A outra vítima seria Francieli Rodrigues, uma adolescente de 15 anos, cujo corpo carbonizado foi encontrado em maio de 2018, na Linha Progresso, em Planalto Alegre, a 29 km de Chapecó. O corpo estava deitado de costas em meio à mata, e um pacote de preservativo foi encontrado próximo ao local.

O crânio de Jaqueline foi localizado em agosto de 2019, mais de um ano depois, em uma plantação de erva-mate no bairro São Bento B, em Chapecó. A estrutura apresentava marcas de fratura na face e na têmpora esquerda. O dono da propriedade acionou a Polícia Militar ao perceber o crânio em frente à residência, perto de um pneu. A suspeita é que cães tenham levado a ossada até o local.

Devido ao avançado estado de decomposição e à ausência de vestes ou objetos pessoais, não foi possível realizar a identificação imediata.

Processo de identificação

Em setembro de 2024, uma família procurou a Polícia Científica em busca de informações sobre o desaparecimento da filha, ocorrido em 2018 em Chapecó. Foram coletadas informações sobre as circunstâncias do desaparecimento e material genético dos pais para auxiliar na busca.

A partir dos dados, iniciou-se um cruzamento de informações com casos atendidos pela Polícia Científica. Durante a análise, foi identificado um possível vínculo entre o crânio encontrado em 2019 e a jovem desaparecida, pois a morfologia dentária correspondia às fotografias fornecidas pela família.

Exames periciais foram realizados, e a confirmação veio por meio da comparação genética. Testes de antropologia forense e odontologia legal também apontaram similaridades na arcada dentária do crânio com os prontuários médicos e fotografias da vítima.

Corpo carbonizado e investigação

Após o desaparecimento das amigas, familiares registraram boletins de ocorrência, informando que as duas foram vistas juntas pela última vez um dia antes do crime.

Em 14 de fevereiro de 2018, um corpo carbonizado, aparentemente de uma jovem, foi encontrado nas margens da estrada de acesso a Planalto Alegre, próximo à SC-283. Posteriormente, exames de DNA confirmaram que se tratava da adolescente Francieli Rodrigues.

Durante a perícia no local do crime, a polícia identificou que a vítima usava uma jaqueta com a bandeira dos EUA e três anéis. Próximo ao corpo queimado, havia uma bolsa feminina contendo um canivete e um frasco de perfume.

As investigações apontaram que o corpo estava enrolado em uma coberta estampada, que não queimou totalmente, e um martelo parcialmente carbonizado foi encontrado ao lado. A vítima apresentava sinais de amordaçamento com fita plástica e as mãos amarradas, sugerindo que foi imobilizada antes de ser morta. A causa da morte foi um golpe perfurante no pescoço, compatível com o canivete queimado junto ao corpo, informou a polícia.

No local também foi encontrado um cordão da Chapecoense com três chaves: duas residenciais e uma de motocicleta. As chaves residenciais eram compatíveis com a casa de um suspeito de 27 anos, morador do loteamento Di Fiori, próximo à divisa entre Chapecó e Guatambu.

Na residência de familiares do suspeito, a polícia encontrou uma motocicleta relacionada à chave descoberta próximo ao corpo carbonizado. Moradores do local também reconheceram a coberta na qual a vítima estava enrolada. Além disso, foi encontrada uma caixa de ferramentas, mas faltando uma peça: um martelo cutelo, localizado na cena do crime.

A investigação revelou que um dos quartos da casa do suspeito continha manchas de sangue em um colchão, sugerindo que o homicídio ocorreu ali. A vítima foi morta em 12 de maio de 2018, véspera do Dia das Mães, após uma festa realizada naquela residência.

Outros elementos obtidos ajudaram a determinar o horário aproximado do homicídio e o veículo utilizado para transportar o corpo. Após o crime, o autor fugiu da região e permaneceu foragido até 9 de setembro de 2018, quando foi capturado e interrogado pela Polícia Civil.

Quase três anos depois, em uma sessão do tribunal do júri realizada em julho de 2021, o suspeito foi condenado a mais de 18 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado, fraude processual e destruição e ocultação de cadáver.

Com a reabertura das investigações, novas informações poderão ser divulgadas nas próximas semanas.

NOTÍCIAS RELACIONADAS