Tivi São Lourenço, 22 de novembro de 2024
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Fraude no FGTS: como funciona o golpe milionário que atingiu ídolos do futebol como Paolo Guerrero e Ramires

Segundo investigação da Polícia Federal, quadrilha vinha agindo desde 2014. Esquema envolvia empresários do ramo, bancários e até ex-atletas.

Por G1

Atualizado em 03/06/2024 | 09:56:00

Segundo investigação da Polícia Federal, uma quadrilha vinha agindo desde 2014 em uma fraude milionária para desviar dinheiro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) de ídolos do futebol brasileiro, num esquema envolvendo empresários do ramo, bancários, advogados e até ex-jogadores.

O golpe atingiu atletas como Ramires, João Rojas, Maikon Leite, Elano, Christian Cueva. Uma das vítimas recentes é o peruano Paolo Guerrero, ex-jogador de clubes como Corinthians, Flamengo e Internacional. Ele teve 2,3 milhões de reais transferidos do FGTS da caixa para uma conta aberta ilegalmente no nome dele em um banco privado.

A abertura foi em 5 de maio de 2022 em uma agência no bairro Bom Retiro, em São Paulo. Naquele dia, Guerrero estava nos Estados Unidos em tratamento para uma lesão no joelho.

 

O Fantástico deste domingo (2) teve acesso à carta que o jogador escreveu ao banco privado assim que soube do desvio, dizendo que não reconhecia a conta ou as transferências, e pedindo o estorno dos valores, o que só aconteceu seis meses depois (veja no vídeo acima).

Como o golpe funciona
A quadrilha age da seguinte maneira:

Primeiro, eles buscam atletas recém desligados de clubes.
Depois, com assinaturas e documentos falsos, acessam o fundo da Caixa Ecônomia e abrem a conta em outros bancos.
Por último, movimentam o dinheiro desviado para contas de laranjas.
"De alguma forma conseguiam acessar esses documentos verdadeiros dos jogadores para, a partir então, poderem falsificar esses documentos e abrirem contas correntes para poderem receber esses recursos desviados irregularmente do FGTS", explica o Dr. Caio Porto Ferreira, delegado da Polícia Federal.

No caso de guerreiro, o dinheiro foi para cinco pessoas. Uma delas é Gustavo Gonçalves de Barros, que recebeu R$ 402.700. Ele é sócio de uma empresa chamada F.G.L Marketing & Sport. Outro sócio da F.G.L é Fernando Costa de Almeida, empresário do ramo do futebol que contratou um escritório para averiguar a situação previdenciária de atletas profissionais e cuidar das transferências.

Em um aplicativo de mensagem, ele mandou uma procuração supostamente assinada por Guerrero à empresa.

Também é investigado José Orlando de Almeida, pai de um terceiro sócio da empresa e parentes de pessoas que receberam valores do FGTS do jogador peruano.

A polícia ainda apura o envolvimento de Sérgio Rogério Melo da Costa no esquema. Em 2021, ele foi notícia ao ser preso por estuprar garotas de programa. É dele o rosto utilizado em 2022 no processo de reconhecimento facial do jogador Guerrero para a abertura da conta falsa.

Segundo o especialista ouvido, o cadastramento de Guerreiro foi feito a partir de um dispositivo móvel que estava cadastrado na conta do jogador. As fotos não foram comparadas com as da biometria oficial do jogador.

 

A polícia investiga a participação de uma funcionária do banco. Os investigadores afirmam que a mesma quadrilha praticava esse golpe entre 2014 e 2017, só que o alvo eram apenas jogadores brasileiros. Marcelo Silva, ex-Santos, é investigado como facilitador dos desvios.

A segunda onda de golpes, mais recente, tem como alvo apenas jogadores estrangeiros.

"Provavelmente por eles se mudarem para outro país e não terem conhecimento do benefício do FGTS", explicou o delegado Caio Porto Ferreira.

Investigação
A defesa de Gustavo Gonçalves de Barros afirmou que ele desconhecia a origem do dinheiro depositado em sua conta e que buscou as vítimas para restituir os valores. Já o representante de José Orlando afirmou que ele não tem nenhuma participação nos delitos, e que está colaborando com as investigações. A defesa de Fernando Costa de Almeida também disse que ele recebeu com surpresa a notícia do envolvimento no caso.

Em nota, a Caixa afirmou que trabalha junto à Polícia Federal em uma força-tarefa para apurar os casos, que estão em sigilo.

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