Empresas de transporte e logística recebem orientação nacional com alerta de que se não repassarem podem não resistir
Assim como em Criciúma, no Sul de Santa Catarina, onde o Setransc (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística) reuniu empresários do setor para repassar orientações, no estado e no país, a recomendação é de que reajustem o frente em 27,33% para não serem engolidos pela crise. Efeito cascata, o transporte é a segunda escala do aumento do óleo diesel.
O presidente do sindicato sediado em Criciúma, Lourisvaldo Piuco, lembra que o momento é crucial e que o setor vem sofrendo com a fórmula de reajuste do combustível. Enquanto o reajuste deste insumo vem sendo quase semanal, o frete só é corrigido uma vez ao ano. Este método não permite recuperar perdas.
No último dia 10 de uma reunião provocada pela ANTC (Associação Nacional de Transporte de Carga), orientou o setor para unificar o cálculo da planilha.
Na ocasião os técnicos apresentaram dados mostrando que de janeiro a março a Petrobrás havia feito reajustes na casa dos 18,58%. Na semana seguinte o óleo diesel sofreu novo reajuste de 24,9%, que traduzido à planilha de custos do transporte impacta 8,75%. Esta soma totaliza os 27,33% orientados.
Piuco faz ainda duas lembranças. Uma é de que a empresa que não obedecer com rigor o cálculo de custo está fadada a desaparecer. A outra constatação é que a escalada de subida no preço do óleo diesel não deve parar. O transporte rodoviário é o mais caro do mundo e no Brasil ele é o principal.
Em nota, a Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Santa Catarina), da qual o Setransc faz parte, dá mais detalhes.
Confira a nota oficial da Fetrancesc sobre o aumento nos combustíveis:
O aumento de 18,8% no litro da gasolina e de 24,9% do diesel anunciado pela Petrobras nesta quinta-feira, 10 de março, invariavelmente será sentido pela população. Aliás, antes mesmo do aumento oficial da refinaria, postos de combustíveis já elevavam seus preços nas bombas.
O impacto direto desta oscilação no Transporte Rodoviário de Cargas (TRC) é de conhecimento popular. Principalmente o efeito cascata, que atinge toda a cadeia de produção, desde o produtor rural até o bolso de todos nós cidadãos.
As causas alegadas para mais este aumento, a guerra na Ucrânia, não justificam os novos valores. Aliás, é inaceitável que uma empresa estatal, que paga em real (R$), fundamente a cobrança do seu produto em dólares – justamente no País do real –, ou seja, a dolarização dos preços dos combustíveis.
Enquanto os postos passam imediatamente a alta aos preços, as empresas de transportes não têm essa opção, os embarcadores pressionam para não ter alta e o setor acaba acumulando prejuízos.
Na condição de entidade representativa de mais de 18 mil empresas em Santa Catarina, segmento este que demonstra profunda insatisfação com a atual política de reajuste nos preços da Petrobras, o Sistema Fetrancesc entende ser inadmissível a distorção de a estatal, que detém monopólio da atividade no Brasil, definir seus próprios preços, sem concorrência direta. Para este controle, assim como nos setores de energia e telecomunicações, deveriam estar nas mãos da agência reguladora do segmento, a Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Outra vez, a federação, em sua posição de representatividade, exige e espera por (1) equilíbrio e previsibilidade nos reajustes dos preços dos combustíveis; (2) parâmetro de reajustes em conformidade com a moeda brasileira (R$); (3) abertura do mercado; e, por fim, (4) alternativas urgentes para esta escalada desenfreada e avassaladora do preço das bombas.
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