Tivi São Lourenço, 22 de fevereiro de 2025
Gerais

Lei anti-Oruam: Florianópolis discute projeto que tenta proibir cidade de contratar artistas que fazem apologia ao crime

Sem citar nome do rapper mais ouvido do país, iniciativa quer proibir que prefeitura contrate shows e artistas que envolvam expressões de apologia ao crime organizado ou ao uso de drogas.

Por G1/SC

Atualizado em 21/02/2025 | 10:21:00

A Câmara de Vereadores de Florianópolis começou a discutir o projeto de lei que ficou nacionalmente conhecido como 'lei anti-Oruam'. Sem citar o nome do rapper mais ouvido do país, a iniciativa busca proibir que a prefeitura contrate shows e artistas que envolvam expressões de apologia ao crime organizado ou ao uso de drogas. O texto cita apenas eventos com público infantojuvenil.

Contexto: Oruam é o nome artístico do Mauro Davi dos Santos Nepomuceno. Ou seja, Oruam é Mauro escrito ao contrário. Ele é filho de Marcinho VP, preso por assassinato, formação de quadrilha e tráfico, apontado pelo Ministério Público (MP) como um dos líderes do tráfico de drogas. O rapper tem uma tatuagem em homenagem ao pai e ao traficante Elias Maluco, condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes.

O PL 19450/2025 foi apresentado em 6 de fevereiro pelo vereador Bericó (PL) e atualmente está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aguardando o parecer do vereador João Padilha, da mesma legenda. O parlamentar foi escolhido relator do projeto na terça-feira (18).

 A proposta é parecida com projetos já discutidos em outras cidades. Em São Paulo, o primeiro município a abordar o tema, a vereadora responsável pela proposta também não mencionou o nome de Oruam. Amanda Vettorazzo (União), no entanto, criou um site chamado leiantioruam.com para divulgar a iniciativa.

Após virar alvo, o músico afirmou que o projeto tenta "criminalizar o funk, o rap e o trap".

Na proposta que tramita em Florianópolis, o texto diz que a lei "surge da necessidade de garantir que tais eventos sejam promovidos de forma responsável, especialmente no que diz respeito à proteção de crianças e adolescentes". A matéria também diz que haverá possibilidade de denúncia caso a lei seja descumprida.

Conforme o PL, não cabe ao poder público promover a “adultização infantil”, observada quando se há a aceleração forçada do desenvolvimento da criança para que ela tenha comportamentos ou tenha contato com temas não esperados de sua idade e grau de amadurecimento psicológico, expondo o menor a conteúdos que não pertencem a sua classificação indicativa".

Principais pontos do texto:
Nas contratações de shows, artistas ou eventos de qualquer natureza feitas pela Administração Pública Municipal, que possam ser acessadas pelo público infantojuvenil, dever-se-á ter uma cláusula de não expressão de apologia ao crime e ao uso de drogas, em que o contratado deverá se comprometer a não quebrá-la.
Em caso de descumprimento da não expressão de apologia ao crime ou ao uso de drogas, o contratado sofrerá a imediata rescisão do contrato, sanções contratuais e multa no valor de 100% do valor do contrato, que será destinada ao Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis.

O descumprimento da cláusula de não expressão de apologia ao crime e ao uso de drogas, conforme estabelecido no caput, poderá ser denunciado por qualquer pessoa, entidade ou órgão da Administração Pública para a Prefeitura de Florianópolis, por meio da Ouvidoria do Município.
É vedado ao Município de Florianópolis apoiar, patrocinar ou divulgar show, artista ou evento de qualquer natureza que envolva expressão de apologia ao crime organizado ou ao uso de drogas.

O Poder Executivo regulamentará esta Lei, no que couber, revogadas as disposições em contrário.
As despesas com a execução desta lei correrão à conta das dotações orçamentárias próprias, podendo ser suplementadas, se necessário.

 

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