O município de Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná, é o primeiro do Brasil a implantar o Projeto de Intervenção Precoce para o Autismo, ação que será desenvolvida nos 20 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs). A iniciativa é da prefeitura, por meio da secretaria municipal de Educação, contando com parceria da Associação Beltronense de Apoio à Pessoa Autista Inspiradora (ABAPAI) e apoio do Instituto Abraçoaba.

Denominado de Thé Benjamin, o projeto teve o lançamento oficial nesta quarta-feira (26), em uma emocionante cerimônia realizada no auditório da Amsop, completamente lotado de pais, educadores e autoridades. Durante pronunciamento o prefeito Cleber Fontana destacou que a prefeitura realiza grandes investimentos na área de inclusão.

“Esse é um projeto para fazer a diferença na vida das crianças, das suas famílias e da nossa equipe da educação. Mais uma vez Francisco Beltrão sai na frente e por uma causa tão nobre”, disse o prefeito. Também enfatiza que em 2018 a prefeitura colocou em funcionamento o Centro Municipal de Apoio Educacional Multidiscipliar (Cemaem), um grande avanço na época, e agora adota mais uma iniciativa pioneira e inovadora.

O projeto tem por objetivo implementar as equipes especializadas em Análise do Comportamento Aplicada nos CMEIs do município. Esta análise é a ciência que possui mais evidência no tratamento ao Transtorno do Espectro Autista, tendo por objetivo desenvolver habilidades que sejam preditoras de autonomia aos indivíduos.

A equipe que atuará no projeto é composta por psicólogos e o enfoque será o treinamento de professores, demais profissionais que atuam nos CMEIs e pais de alunos. O olhar será individualizado para crianças que apresentam ou apresentarem sinais e sintomas, mediante avaliação técnica.

Nesta primeira etapa o projeto terá duração de nove meses. A partir de agosto a equipe dirigida pelas Psicólogas e Mestras Graciane Barbosa da Silva e Maura Cristina Lange, do Instituto ABRAÇOABA, inicia os trabalhos nos CMEIs. No mês de agosto serão atendidas 479 crianças. Em setembro serão 495. Em outubro 558. No mês de novembro serão 413 crianças e em dezembro 541, perfazendo um total de 2.486 crianças dos 20 CMEIs.

O que é Autismo

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição em que a pessoa apresenta déficits persistentes na comunicação e interação social em diversos contextos, além de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. É uma condição permanente, que não possui cura, pois as variáveis que levam a manifestação dos sintomas são predominantemente genéticas.

O TEA é classificado em três níveis de suporte. Nível 1 é aquele em que a pessoa autista apresenta necessidade de pouco apoio. No nível 2 o autista apresenta a necessidade de apoio substancial. Neste nível são observados atrasos significativos na comunicação e na interação social. O nível 3 refere-se a atraso muito grave que compromete a comunicação e a interação social do autista de maneira intensa, trazendo prejuízos significativos a sua vida e impossibilitando a ocorrência e manutenção de interações sociais.

As intervenções pautadas na ciência da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) tem se mostrado eficaz na redução dos sintomas apresentados no TEA, bem como na promoção de habilidades sociais, de comunicação e nos comportamentos adaptativos, considerada padrão ouro no tratamento de Autismo. A ciência sabe hoje que toda criança dispõe de 3 janelas neurológicas importantes para o seu desenvolvimento, chamadas de “janela de oportunidade”, e são divididas em três momentos: de 0 a 3 anos, 3 a 5 anos e dos 5 aos 7 anos de idade.

Mas é na primeira janela, de 0 a 3 anos, em especial, que se encontra a maior oportunidade de desenvolvimento da criança, ou seja, um período em que funções que foram perdidas no autismo regressivo, ou até mesmo as que nunca foram desenvolvidas, podem ser recuperadas ou desenvolvidas por meio de intervenções com o ABA.