Comarca quer identificar e atuar sobre agressividade para evitar novos episódios
Com resultados comprovados e reincidência abaixo de 1% em todo o Estado, o Grupo Reflexivo para Homens Autores de Violência Doméstica (GRHAV) já é uma realidade na comarca de São Lourenço do Oeste. A primeira turma está em andamento. O objetivo é possibilitar mudanças de comportamento e fomentar relações familiares calcadas na cultura de paz e comunicação não violenta.
De acordo com a juíza Adriana Inácio Mesquita de Azevedo Hartz Restum, da Vara Única da comarca, recentes pesquisas indicaram que São Lourenço do Oeste é o segundo município com maior índice de violência doméstica contra a mulher no Estado, se comparado a outras comarcas de população proporcional. Tal situação fez surgir a necessidade de medidas mais efetivas, como o projeto “Violência Nunca Mais”.
“O objetivo principal desse programa é promover a reflexão, reeducação e reabilitação de homens autores de violência doméstica e familiar, visando à prevenção e redução da reincidência contra as ex-companheiras, atuais e futuras, irmãs, genitoras, isto é, em face de mulheres de forma ampla, bem como contra as crianças e adolescentes que vivem no mesmo lar e muitas vezes presenciam tais cenas de violência doméstica e familiar”, destacou a magistrada, que coordena os trabalhos.
Os grupos são formados por no máximo 15 participantes, que devem comparecer integralmente aos 10 encontros semanais ou quinzenais, com duração de uma hora e meia cada. As atividades são conduzidas por profissionais da psicologia e assistência social.
"Todo o trabalho é para, antes de mais nada, entender os gatilhos da violência doméstica, cuidando e acolhendo esses autores que, muito provavelmente, um dia já foram vítimas também dentro da unidade doméstica e se tornaram replicadores desse ciclo violento”, explica a juíza.
Sua esperança, afirma, é que o tempo possibilite verdadeiro ponto de inflexão na vida dessas pessoas, homens e mulheres, filhos e filhas, de forma a alcançar suas famílias de ponta a ponta, pela capacidade de reflexão e mudança dos padrões viciados de comportamento por um ciclo virtuoso que se retroalimente a partir do autoconhecimento que eleva e pacifica as relações.
“É simplesmente formidável contar com instituições tão estabelecidas e engajadas na nossa comarca, com profissionais tão humanos, comprometidos e dedicados, e juntos podermos trabalhar em prol de verdadeiras mudanças socioculturais", celebrou a juíza.
A iniciativa é da Justiça catarinense em parceria com o Ministério Público – representado pelo promotor da comarca, Mateus Minuzzi –, Unochapecó - Campus São Lourenço do Oeste, Secretarias de Assistência Social e de Saúde dos municípios da comarca (São Lourenço do Oeste, Novo Horizonte e Jupiá) e Polícias Civil e Militar, e ainda com o apoio da Rede Catarina. Neste momento, atuam no programa a assistente social forense Simone Bavaresco Zarzeka e a coordenadora do curso de Psicologia da Unochapecó/SLO, Flávia Sanagiotto.
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