Tivi São Lourenço, 03 de julho de 2024
Segurança

Vereador de Francisco Beltrão é preso suspeito de desviar dinheiro de clube recreativo e atacar casas de conselheiros com coquetel molotov, diz polícia

Câmeras de segurança registraram explosões dos atentados. Rodrigo Inhoatto é presidente do Marrecas Clube e investigações apontam que ele tentou intimidar conselheiros que questionavam prestação de co

Por G1/PR

Atualizado em 01/07/2024 | 12:44:00

O vereador Rodrigo Inhoatto (MDB), de Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, foi preso nesta sexta-feira (28) suspeito de desviar dinheiro de um clube recreativo e atacar as casas de dois conselheiros com coquetéis molotov para intimidá-los, segundo a Polícia Civil.

A corporação explica que o Inhoatto é presidente do Marrecas Clube e coordenou os atentados na madrugada do dia 25 de maio, horas antes de uma assembleia que tinha como pauta os atos da atual diretoria e prestação de contas.

Câmeras de segurança flagraram as explosões. 

Além do vereador, também foi preso temporariamente um homem de 34 anos, prestador de serviços terceirizado do clube.

Ao todo, a polícia ainda cumpriu seis mandados de busca e apreensão, inclusive no gabinete de Inhoatto na Câmara de Vereadores de Francisco Beltrão.

"As investigações ainda apontam indícios de ameaças, extorsões e outras ilicitudes. [...]Cabe salientar por cautela que, apesar de um dos detidos exercer o cargo de vereador, não há nenhuma ligação entre a investigação em tela com a função parlamentar", afirma a Polícia Civil.

A defesa de Inhoatto afirma que o vereador se declara inocente e que os advogados vão se manifestar após ter acesso aos autos.

Em nota, o Conselho de Ética da Câmara disse que mesmo o caso não tendo qualquer relação com a Câmara Municipal ou com a atividade parlamentar vai iniciar um procedimento interno para apurar "se a conduta do investigado fere o Poder Legislativo e o Decoro Parlamentar, e se isso tem impacto social".

Também por meio de nota, o partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB) afirmou que Inhoatto se filiou ao partido em abril de 2024 e que "serão adotadas todas as providências pelos meios legais do partido com encaminhamento à Comissão de Ética".

Como foram os atentados
Segundo a Polícia Civil, na madrugada de 25 de maio, no intervalo aproximado de uma hora, duas residências – uma localizada no bairro Alvorada e outra no Água Branca - foram atingidas por meio de arremesso de artefato explosivo.

A corporação explica que o fato apenas não tomou proporções maiores relativas a um possível incêndio porque os moradores agiram rapidamente.

"Com o início das investigações, verificou-se uma possível conexão entre os atentados. Isto porque as residências-alvos pertenciam a membros do Conselho Deliberativo de um clube recreativo. Ainda, que na data dos crimes estava prevista a realização de uma assembleia geral, agendada para o período da tarde, sendo que tal assembleia possuía como finalidade principal discutir atos da atual Diretoria Executiva do clube, mormente em relação à prestação de contas", explica a polícia.

A equipe investigativa também afirma que achou provas de que as ameaças já vinham acontecendo anteriormente por meio de aplicativos de mensagens.

Em depoimentos e declarações juntadas ao inquérito, sócios do clube disseram que questionavam as ações da Diretoria Executiva, principalmente em atos de transparência na execução de serviços, aquisições de materiais, insumos e prestação de contas, sendo este o maior motivo para a realização da assembleia geral naquela tarde.

"É importante frisar que sem a presença dos dois sócios conselheiros (vítimas dos atentados) a assembleia não se realizaria, o que denota, em tese, que os fatos ocorridos naquela madrugada teriam a intenção de intimidar as vítimas e evitar que a assembleia geral se realizasse. [...] Apesar de toda angústia e medo engendrados pelos atentados com artefatos explosivos, houve a realização da assembleia geral, a qual aprovou uma auditoria no clube", ressalta a corporação.

Desvio de dinheiro
Durante a assembleia, foram apontadas as seguintes suspeitas em relação a desvio de dinheiro do clube:

Entre setembro e dezembro de 2023 mais de R$ 92 mil foram gastos com tintas e materiais de pintura para uma área de 1.200 m². O valor é 120 vezes maior do que o gasto nos últimos cinco anos e, de acordo com o preço médio de mercado, com o montante seria possível pintar 4.095 m²;
Em junho de 2023 mais de R$ 39,5 mil foram gastos com a compra de 573 m² de porcelanato, mas apenas 280 m² receberam revestimento e o restante do material não foi encontrado no estoque;
Em julho de 2023 e fevereiro de 2024 (intervalo de sete meses) mais de R$ 35,5 mil foram gastos com a compra de uniformes. O valor é 13 vezes maior que o gasto nos últimos quatro anos;
Em julho e dezembro de 2023 mais de R$ 60,3 mil foram gastos com artefatos de cimento. O valor é cinco vezes maior do que o usado para a construção de dois quiosques.
Em julho e novembro de 2023 mais de R$ 19,3 mil foram gastos com pagamento de duplicata para pessoa física sem comprovação fiscal e para função e ou serviço não informado, sendo esse um funcionário público. O nome dele não foi revelado.

"Cita-se a presente ata apenas como exemplo das celeumas financeiras que são objeto de apuração interna do clube e que compõem o cerne da investigação policial, sendo certo que os elementos coligidos na data de hoje quando dos mandados de busca servirão para a continuidade e avanço investigativo", ressalta a Polícia Civil.

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