Tivi São Lourenço, 30 de outubro de 2024
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VÍDEO: Mototaxista abaixa as calças em mercado do Rio para provar que nada roubou após comprar picanha

'Chegaram segurando na minha capa de chuva, entendeu, levantando e falando pra mim: ‘Tira pra fora o que você roubou lá dentro, rapaz, o que tá debaixo da sua roupa aí?', contou Alex Silva Pereira.

Por g1

Atualizado em 12/01/2023 | 11:19:00

Um cliente do supermercado Guanabara da Penha, na Zona Norte do Rio, alega que foi alvo de racismo e preconceito por parte dos seguranças depois de comprar picanha no estabelecimento. Alex Silva Pereira, de 33 anos, é negro e aparece nas imagens abaixando as calças para provar que não roubou.

O caso aconteceu na manhã do dia 31 de dezembro de 2022. Ele contou que as imagens não mostram a abordagem que sofreu dos seguranças.

"Chegaram segurando na minha capa de chuva, entendeu? Levantando e falando pra mim: ‘Tira pra fora o que você roubou lá dentro, rapaz, o que tá debaixo da sua roupa aí? Vambora, a câmera já mostrou tudo!’. Aí eu falei: calma aí, cara, não é dessa forma não, bom dia”, disse Alex.

O valor da compra, R$ 366,87, foi pago em duas partes, uma em dinheiro e outra em cartão de débito. Era uma vaquinha, feita com os colegas do ponto de mototáxi para o churrasco de fim de ano. Alex, no entanto, nem teve tempo de mostrar que estava com a nota fiscal. Ele diz ter certeza que sofreu preconceito.

"Por eu ser da comunidade, eu acho que sim, isso conta muito. Nós somos muito destratados pela nossa aparência. Estou revoltado, tô indignado com isso, cara. Não estou conseguindo trabalhar, aonde eu passo, as pessoas perguntam: 'o que você estava roubando lá, cara?' "

Alex disse que processou o supermercado porque se sentiu constrangido. Ele disse que mesmo com a repercussão do caso nas redes sociais, não recebeu nenhum apoio da empresa.

"Ninguém me deu um tipo de apoio, uma desculpa, um perdão, foi um mal entendido, entendeu? Foi isso que mais me indignou” , lamentou.

O advogado que representa o mototaxista pediu uma indenização para reparar os danos e quer que o supermercado peça desculpas públicas pelo constrangimento do cliente.

“O racismo carrega esse estigma, de você ser negro, pobre, morar em comunidade, e se entende que a pessoa seria um criminoso”, afirmou o advogado, Gilberto Santiago.

'Eu não quero ser tratado dessa forma, porque eu procuro andar certo. Eu tenho dois filhos, um de 9 anos, um filho de 3 anos, me perguntaram: ‘Esse vídeo aí, papai, o senhor estava roubando carne?’ , disse Alex.

O que diz o supermercado

O supermercado Guanabara informou que os funcionários que aparecem no vídeo foram desligados. O Guanabara esclareceu que eles não pediram que o cliente tirasse a roupa, o que, segundo o mercado, é ilegal e vedado pela Constituição.

O supermercado disse que os seguranças deixaram de seguir todas as regras que devem ser adotadas pela empresa como procedimento para verificação de nota fiscal.

O estabelecimento informou ainda que tentou fazer contato com o cliente. Segundo eles, isso não foi possível porque não havia registro da ocorrência na loja. Alex disse que pediu ajuda aos funcionários para fazer a ocorrência, mas todos deram as costas pra ele.

A empresa afirmou que repudia e não tolera qualquer forma de discriminação.

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