Tivi São Lourenço, 15 de janeiro de 2025
Segurança

Vizinha acusada de matar meninos deixa cadeia após reviravolta e se diz aliviada: 'Vou viver a vida tranquila'

Lucélia Maria foi presa em agosto e deixou a prisão na segunda-feira, após laudo afastar a possibilidade de ela ter cometido o crime. Padrasto da mãe das crianças se tornou principal suspeito da morte

Por G1

Atualizado em 15/01/2025 | 16:47:00

Lucélia Maria, a mulher acusada de matar dois meninos envenenados em Parnaíba (PI) em agosto de 2024 falou com a TV Clube na terça-feira (14), um dia após deixar a penitenciária onde ficou por cinco meses sobre o alívio de estar solta. O caso teve uma reviravolta após laudo afastar a possibilidade de ela ter sido a responsável pela morte das crianças e uma nova hipótese ganhar força. Lucélia chegou a ser ameaçada por detentas e teve a casa incendiada por vizinhos.

Agora, o padrasto da mãe das crianças se tornou principal suspeito da morte deles e de outras quatro pessoas da família que foram envenenadas no réveillon (leia mais abaixo). Segundo o advogado de Lucélia, Sammai Cavalcante, a mulher foi liberada da prisão por uma medida cautelar de liberdade provisória. Ela não foi inocentada, e ainda deve responder o processo. O advogado busca que ela seja inocentada.

Lucélia foi presa em flagrante no dia em que os meninos foram hospitalizados, em 23 de agosto de 2024. Os vizinhos tentaram linchá-la, mas ela foi salva pela Polícia Militar. A casa dela foi depredada e incendiada.

"Eles começaram a depredar [a casa] comigo ainda dentro. Agradeço muito a Deus e à Polícia que chegou no momento. Senão tinha morrido eu, meu filho e meu marido", relembrou Lucélia.

Lucélia foi acusada de ter entregado aos dois meninos um saco com cajus que estariam envenenados. Entretanto, uma perícia realizada neste mês descartou que as frutas estivessem contaminadas com qualquer tipo de veneno.

À TV Clube, Lucélia disse que não deu cajus aos dois meninos que morreram, e que sequer conhecia eles ou a família. "Nunca conheci, não, esse homem, essa mulher, nem os meninos também", disse.

O resultado da perícia saiu um dia depois que Francisco de Assis Pereira da Costa, padrasto da mãe das crianças, foi preso como principal suspeito de envenenar um baião de dois comido por quase toda a família em um almoço no primeiro dia deste ano. O envenenamento resultou na morte de quatro pessoas.

Agora, a investigação do caso dos irmãos mortos em agosto e novembro de 2024 foi reaberta e as suspeitas do crime também recaem sobre Francisco.

Vida na prisão
Lucélia disse ainda que recebeu ameaças de outras detentas enquanto estava presa: "Diziam que tinha uma cabeça sobrando. Que era a minha, né".
Ela contou que não conseguiu dormir bem durante os cinco meses de prisão, que passou na Penitenciária Mista de Parnaíba e na Penitenciária José de Ribamar Leite, em Teresina.

"Nunca mais eu dormi. Desde que isso aconteceu na minha vida eu não consegui mais dormir direito. Um pesadelo que ainda hoje está na minha cabeça ainda", disse.

Lucélia voltou para Parnaíba, onde moram o marido e seus dois filhos, e vai ficar abrigada na casa de familiares. "Com fé em Deus, vou viver a vida tranquila. A vida que eu tinha antes, né? Com minha família", comentou.

Libertada após 5 meses
Lucélia Maria da Conceição Silva, de 53 anos, foi presa em agosto de 2024 e foi denunciada pelo Ministério Público do Piauí (MPPI) por duplo homicídio qualificado, com audiência de instrução e julgamento do caso marcada para dia 23 de janeiro.

Ela saiu da penitenciária por volta na noite de segunda-feira (13). Ao deixar a penitenciária, ela se declarou inocente aos jornalistas que esperavam na porta da Penitenciária Feminina Gardência Gomes, na Zona Sul de Teresina. "Meu sentimento agora é muito alívio", disse.

A Justiça do Piauí determinou a soltura dela na manhã de segunda. A decisão, assinada pela juíza Maria do Perpétuo Socorro Ivani Vasconcelos, da 1ª Vara Criminal de Parnaíba, saiu após o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) descartar a presença de veneno nos cajus que teriam sido entregues a eles pela vizinha.

O laudo apontou que não havia presença de terbufós, substância tóxica semelhante ao chumbinho, nas frutas. A substância é a mesma encontrada no estômago dos meninos.

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